Juan Carlos de Borbón y Borbón consagrou definitivamente para a política española o Discurso Porquénotecallas, e os responsáveis jornais riram-lhe a piada: se não gosto do que dizes, berro-che que cales, porque o teu é terrorismo; mas se tu não gostas do que digo eu e berras-me, o teu é terrorismo. Em inglês, a nossa segunda língua depois do español, isto chama-se “a lose-lose situation”: ou perdes, ou perdes. Vamos, como a Inquisición, mas em moderno politono.
O alcaide de Lalimgrado Xosé Crespo pratica o Discurso Porquénotecallas contra os socialistas. Aprendeu-no bem de Fraga Iribarne, do Rey Español-Nascido-Em-Roma (mas um imigrante residente não pode votar), e daquele ínclito “ariete” Xaime Pita que no Parlamento chamava os do Bloco (sim, os do Bloco) “jarraiciños” porque diziam NOM - NOM - NOM e “próprio”. Dizer “próprio” era a essência da estrangeirice, e requeria um urgente Porquénotecallas, estrangeiro!, que não gosto do que dizes. Vamos, como faz a macro-rede AGIR (dizem os médios), mas ao revês, que sim que vale.
Quando os neo-nazis batem na Fundaçom Artábria cada vários meses, por não perderem a prática e a tradição, Garzón e Grande-Marlaska continuam a jogar ao dominó. Recebem um politono no busca: Eh, que há feridos. Bah, são cousas de meninhos. Já sabemos que os neo-nazis não têm ideologia, são apenas gamberros. Sempre foram assim. Não são uma ameaça à disgregação social de España. Não cortam España horizontalmente não, por razão de classe, cor da pele e língua. Não praticam a violência não, mas o bonito Discurso Porquénotecallas, só que um pouco mais duro empiricamente. Desde que seja rojigualda, tudo é constitucional.
Mas AGIR, essa rede islâmica controlada desde as sombras por Darth Vader, quer impor um novo Cosova nos férteis campos que vão de Lalimgrado até à Galiza Irredenta da Naçom As Portelas, e desde a Corunha “sí, sin la ele”, como diz na SER o experto sociolinguista César Antonio Moína (sin la ele) até à Raia Seca onde muda automaticamente a cor da erva no nosso mapa escolar de hilillos de plastilina. Todos os membros de AGIR levam um mapa irredento inscrito nos miolos polos laboratórios de Fidel, o ex-Comandante. Mas os Peones Negros e Losantos não levam mapa nenhum nos neurónios não: levam só a essência platónica e imortal da Liberdade, que resulta que se encarnou terrenalmente no Estado Español, que se lhe vai fazer, situado providencialmente por Dios en el centro del Universo.
Ai, o Discurso Porquénotecallas! Ele produz monstros judiciais, e faz gastar muita, muita tinta de jornais que poderia ser melhor empregada em lusificar os topónimos do Povo. Porque o Discurso Porquénotecallas só tem sempre uma direcção: a minha, que sou o que mando, sou o mando e tenho o mando do politono. Vou-che chimpar os dentes, vou-che escachar uma taça nos focinhos, vou-che meter uma cortante carta polo cu, mas não me chames fascista, nem violento, nem terrorista, que invoco aos meus garridos amigos de azul, e aos da toga e o dominó. E os sociatas? Não, esses não vão ir chorar à Fiscalia, estão domadinhos. Já o disse Clinton I, o verdadeiro: São as Eleições, estúpido. Mas o teu, extraparlamentar mocinho estrangeiro, é puro terrorismo.
Celso Alvarez Cáccamo naceu en Vigo en 1958. É profesor de Lingüística na Universidade da Coruña. Esta é a súa web. »