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22/12/2009 16:28

Vídeo entrevista ao professor Chrys Chrystello (PGL/AGLP)

4 comentarios | por OBSERVADOR OBSERVADOR

«Os colóquios da lusofonia são independentes, livres, admitem todos os temas, sem pressões de instituições ou governos»

Segunda, 21 Dezembro 2009 00:00


PGL / AGLP - Nesta entrevista o Presidente da Comissão Executiva dos Colóquios da Lusofonia, Chrys Chrystello, dá mais detalhes da sua tarefa e do seu compromisso social. Uma circum-navegação que o levou de Portugal a Timor, Macau e Austrália, com regresso a Portugal, onde atualmente reside nos Açores.



Com o lema «Não prometemos, fazemos», os Colóquios, que se realizam desde 2001 e já chegaram a 12 edições, têm escolhido em sucessivos anos, temas de atualidade como a questão da língua mirandesa, o português em Timor, o Acordo Ortográfico ou o português da Galiza.

«Os colóquios da lusofonia são independentes, livres, admitem todos os temas, sem pressões de instituições ou governos». Assim define Chrys Chrystello esta iniciativa cultural que começou a realizar-se em 2001-2002 e continua todos os anos a levar escritores, professores e investigadores dos quatro continentes a Bragança (em outubro) e aos Açores (em abril). Neste sentido, afirma serem os Colóquios «os representantes da sociedade civil capaz e atuante».

O seu recente livro Chrónicaçores: Uma circum-navegação, foi descrito como um belo texto com os lados de um triângulo: Autobiografia, livro de aventuras e registo histórico. Pode o leitor aproximar-se dele com três perspetivas, comprovando ao mesmo tempo a intensidade vital associada à crítica social, a minuciosidade na descrição dos factos, e a análise dos diferentes tipos humanos. Disse o autor em 2006: “O único defeito de que não podem acusar-me é de ser politicamente correto”.

A dinâmica dos Colóquios

O balanço dos últimos anos é, para o presidente dos Colóquios da Lusofonia, enormemente satisfatório, pondo como exemplo ter ajudado à criação da AGLP, a elaboração em curso da Diciopédia Contrastiva da Língua Portuguesa, com 36 especialistas a trabalhar na sua elaboração, a criação dos Estudos Açorianos que serão ministrados à distância na Universidade do Sul de Santa Catarina, e em modo presencial na Universidade do Minho. Entre os projetos em curso, o Museu da Língua Portuguesa em Bragança, previsto para começar a funcionar em 2011, e a promoção de uma nova Academia da Língua em Portugal, que considera absolutamente necessária.

O Encontro Açoriano da Lusofonia terá lugar em 2010 em Florianópolis, Santa Catarina, tendo previsto ir em anos seguintes a Maputo e Macau, manifestando também a sua vontade de se realizar uma edição na Galiza.

Política de língua

Entende o professor Chrystello que, nestes temas, o governo português não tem uma perspetiva histórica. Precisa-se a criação de uma política de longo prazo, independente de governos, para que a língua seja preservada, atuando lá onde houver falantes de português. Além disto, considera que o Acordo Ortográfico é “um ótimo instrumento” para uma política de língua de futuro, afirmando a facilidade para realizar as adaptações às novas regras.


19/12/2009 12:49

GALIZA, Ferrín, GALIZA!!!

42 comentarios | por AGIL AGIL

Parece iminente a denominação do Ferrín como presidente ou diretor da RAG. Parece não só pessoa de consenso entre as diferentes facções assentes ou representadas na RAG.

E não me parece mal nem vou por esse lado discutir a idoneidade ou não da pessoa e dos méritos antigos e atuais. Entre outros motivos porque não penso que tal denominação acarrete muitas mudanças na situação do Galego ou, mesmo, do "galego" e dos seus usos tanto nas instituições (a começar pelo ensino) e na sociedade.

Proponho-lhe ao Ferrín, presidente ou diretor da RAG, e à RAG toda que comecem a nova jeira por reformar a "reformiña" última (2003) num ponto muito pontual, como é o do nome desta Terra, mesmo contradizendo o "ditame" em que a RAG do Barreiro meteu o pé na argola, porquanto procedeu como entidade abertamente política e não académica, ao sentenciar que o nome oficial da GALIZA é "Galicia". (O do nome "oficial" tem o seu aquele...)

Ignora a RAG que o nome galego da GALIZA é GALIZA? Por que é que se empenhou e se empenha nas suas NOMIGa em dar preferência ao nome castelhano?

Portanto, Ferrín, seja um dos seus primeiros acordos da RAG presidida pelo senhor reconhecer que o nome da GALIZA é GALIZA, e que "Galicia" é nome imposto pelo domínio do reino, cuja língua nacional excludente é a castelhana ou "española".

Seria um bom começo de presidência ou direção, não é?


14/12/2009 11:51

Vídeo-entrevista a Artur Anselmo da ACL (PGL-AGLP)

3 comentarios | por OBSERVADOR OBSERVADOR

«A língua não é de ninguém, é de todos»

Segunda, 14 Dezembro 2009 00:00


PGL / AGLP - Artur Anselmo é Presidente da Comissão de Lexicologia e Lexicografia da Academia das Ciências de Lisboa. Alto-minhoto de família originária da Galiza, e alto-alentejano pelo lado paterno, tem lecionado Língua, Literatura e Cultura Portuguesa, assim como Cultura Clássica, Semiologia e História do Livro, em universidades da Europa e do Brasil. Uma das suas obras mais conhecidas As Origens da Imprensa em Portugal (1981).

Nesta entrevista realizada por Diego Bernal, do Portal Galego da Língua, salienta a posição da ACL entre as mais antigas academias europeias (1779), tendo o papel mais importante na preservação da língua. Inclui as classes de Ciências e Letras, sendo instituição de referência que o governo deve consultar nos assuntos da língua. A presidência da ACL corresponde anualmente, de forma alternativa, aos presidentes das classes de ciências e de letras.

A Classe de Letras da ACL

A função principal da Classe de Letras é a edição de glossários, vocabulários e dicionários que permitam atualizar constantemente a língua. Diz Anselmo que “o trabalho do lexicógrafo não se restringe à simples indicação descritiva das palavras: ele tem de registar também as alterações de sentido”. Deve atualizar-se constantemente a língua, com contribuições de uso generalizado e corrente que mereçam ser introduzidos nos dicionários.

Neste sentido, indicou que a terceira edição do Vocabulário Ortográfico da ACL está prevista para breve, e terá entre 60 e 70 mil entradas, dando continuidade à tradição da academia portuguesa. Regista “as palavras de uso corrente e generalizado, nem arcaísmos nem neologismos que tanto entram na língua, como saem”.

Continua o professor indicando que “a língua não é de ninguém, é de todos”. “Todo o que seja visões estáticas, tentar conter a língua em barreiras, prisões... é uma atitude anticientífica”.

A posição dominante do inglês

Lamentou o professor a posição dominante do inglês, como segunda edição do que aconteceu com o latim dos Romanos. Rejeita “a ideia da imposição de uma língua única ao mundo”, lamentando o declínio de certas línguas da Europa, como o francês. Considera que o inglês está a ser usado, em determinados âmbitos, de forma desnecessária, o que resulta num empobrecimento.


10/12/2009 18:26

O peor de todo...

7 comentarios | por volvebreogan volvebreogan

Ante a grave situación económica que está a sofrir o primeiro mundo eú preguntome, e os galegos que pintamos nisto? e a única resposta que podo atopar é outra vez, non pintamos nada, pero até cando?

Crise tras crise e goberno tras goberno, Galiza perde unha nova oportunidade de saír do seu escondite e dicirlle ao mundo aquí estamos os galegos, ofrecémoslle esto ao mundo queremos recibir aquilo, pero NON!
Seguimos pensando en ir da man dos que nos teñen metidos nun cuarto escuro,seguimos pensando que somos inferiores e que seríamos incapaces de seren ninguén nun contexto internacional, seguimos tendo AUTOODIO..

Pero pensade, como imos ser un país de segunda se temos unha situación xeoestratéxica privilexiada, como imos ser un país de segunda se somos potencia mundial enerxética, como imos ser un país de segunda se os galegos somos un pobo moi traballador, como somos tan parvos para non ver iso?

Parece agora que co do galego a sociedade está espertando e dándose de conta que o da imposición foi un invento eleitoralista pero a qué horas meu deus!! até cando esta empanadilla mental?? até cando imos ter que vivir nun país que vive atrapado no seu propio autoodio?
Cando ímonos levantar unha mañá e dicir:

Grazas Deus por me faceren GALEGO!!


P.D: Inicio este debate a modo de repulsa contra a actual situación e para compartir opinións con moitos de vós que coma mín están fartos de vivir nun sono que parece infinito, pero que ogallá moi pronto chegue ao seu fin.


10/12/2009 10:56

Xerais, 1 - Galáxia, 0?

124 comentarios | por AGIL AGIL

Será certo que as forças "vivas" de Xerais vão vencer as forças "menos vivas" de Galáxia na pugna por impor o respetivo candidato à presidência ou diretoria da RAGa?

É Ferrín o candidato preferido, já não tanto "in pectore"?

Mas é Ferrín pessoa tão de "concórdia" ou de "consenso" como o Darío X. Cabana o apresenta aos académicos eleitores e oferece às camadas populares desta parte do reino bourbónico?

Não se evidenciou Ferrín como excessivamente anti-BNGa? Parece que foi um dos indutores de aquele ditame contra GALIZA e em prol de "Galicia"...

Não se amostra como excessivo adversário do reintegracionismo, apesar de ser talvez o escritor mais "lusizante" dentre os escritores vivos?

O seu proclamado independentismo galego não conduzirá a RAGa a um beco sem saída? (Dependentismo na grafia e independentismo na política, que a RAG não pode promover, porquanto é sobretudo pureza académica...)

Não sei: São perguntas inocentes... Alguém, caridoso, será capaz de mas responder?


07/12/2009 23:20

Ten sentido a autodeterminación na Europa do Capital e do poder que emana de Bruxelas?

8 comentarios | por garciafreire garciafreire

Partindo de que apoio e sostenho que é un direito fundamental dos pobos e das persoas, a pregunta queda aí..


07/12/2009 10:27

Video-entrevista a Carlos Reis, reitor da Universidade Aberta

9 comentarios | por OBSERVADOR OBSERVADOR

Vídeo-entrevista ao professor Carlos Reis, reitor da Universidade Aberta de Lisboa

«A Universidade Aberta está interessada em criar na Galiza um ou dois Centros Locais de Aprendizagem»

Segunda, 07 Dezembro 2009 00:00


PGL / AGLP - O Prof. Carlos Rei, Reitor da Universidade Aberta, é um conhecido especialista e divulgador da obra de Eça de Queirós, tendo realizado edições críticas de várias das suas obras, como O Crime do Padre Amaro.

Como especialista participou, o dia 6 de outubro, no júri da tese de doutoramento que Joel Gomes apresentou no Paraninfo da Universidade de Santiago, sobre a obra do saudoso professor galego Ernesto Guerra da Cal. Precisamente, o professor nascido em Ferrol foi o seu mestre e mentor.

Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, ensaísta e correspondente da Real Academia Española, este professor nascido na Angra do Heroísmo, Açores, que foi Diretor da Biblioteca Nacional de Portugal e Presidente da Associação Internacional de Lusitanistas, é provavelmente mais conhecido na Galiza pela sua faceta na defesa e promoção da língua portuguesa.

Foi muito comentada a sua intervenção na Conferência Internacional / Audição Parlamentar de 7 de abril de 2008, na Assembleia da República Portuguesa, em defesa do Acordo Ortográfico, frente à posição do eurodeputado Vasco Graça Moura, em nome dos contrários às novas regras da escrita. Foi no mesmo evento em que participaram o ex-presidente da AGAL, Alexandre Banhos, e o presidente da Associação Cultural Pró AGLP, Ângelo Cristóvão.

Na entrevista realizada por Alberto Pombo, do Portal Galego da Língua, o professor começou explicando a função da Universidade Aberta como instituição pública do ensino a distância, orientada a um público adulto, que frequentemente procura uma requalificação profissional. Afirmou que o processo de aprendizagem ao longo da vida está adquirindo uma maior importância, uma vez que «o ciclo dos saberes, hoje, é muito rápido, e o ciclo da vida ativa é mais longo do que era no passado». Justamente é a esta necessidade que se destinam os esforços da Universidade Aberta.

Colaboração AGLP - UAb

Relativamente ao Protocolo de Colaboração entre a AGLP e a Universidade Aberta, assinado o mesmo dia 5 de outubro no início do Seminário de Lexicologia, afirmou que «A língua portuguesa é uma língua acessível para praticamente qualquer galego e, portanto, nesse sentido, dada a facilidade de circulação dos diplomas... nós pensamos que era possível, e útil e pertinente, estendermos a nossa oferta pedagógica à Galiza», declarando a intenção de criar na Galiza um ou dois Centros Locais de Aprendizagem, «pequenas estruturas de apoio aos estudantes, presença da nossa oferta pedagógica, contacto com as populações, com as empresas, etc».

Continuou a sua exposição manifestando que «isto -e gostava de deixar bem clara esta posição- não representa da nossa parte, como universidade pública portuguesa, nem da minha parte como reitor, nenhuma espécie de posição antiespanhola. Esta é uma coisa que eu quero deixar claríssima». Lembrou neste sentido a sua dívida com o professor Guerra da Cal, que defendia a língua e cultura da Galiza, afirmando sempre que isso não significava uma posição contra a Espanha.

Política de Língua

Quanto à política de Língua do seu país, manteve que «A política de língua hoje em Portugal não pode ser a mesma que há 30 ou 35 anos». Devendo ter em conta a existência de 8 estados da CPLP, e ainda a Galiza, que «tem um papel importante a representar». Disse ainda que «a política de língua tem de ter em conta, antes de mais, a diversidade e um sentido estratégico de concertação». Salientou também «o papel de dinamizador de consensos que o Brasil pode desempenhar aqui».

Galiza e a CPLP

A respeito das possibilidades de a Galiza fazer parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, acreditou: «É aceitável pensar que um dia se encontrará a forma de reunir os equilíbrios para que, uma nação com a Galiza, que tem a sua cultura, a sua identidade, a sua paisagem, a sua gente, a sua língua, ainda com os debates que esta língua sempre provoca, um dia faça parte, realmente, da CPLP, no estatuto que se entender que é o mais adequado».


07/12/2009 10:12

Génese do actual nacionalismo constitucional espanhol. Sobre as origens do artigo 2.

4 comentarios | por placidinho placidinho

Génese do actual nacionalismo constitucional espanhol. Sobre as origens do artigo 2.

Seguindo os trabalhos da "ponencia" constitucional, no primeiro rascunho da constituição espanhola podia ler-se: “La Constitución reconoce y la Monarquía garantiza el derecho a la autonomía de las diferentes nacionalidades y regiones que integran España, la unidad del Estado y la solidaridad entre sus pueblos”.

Nem aparece menção nenhuma à nação espanhola.

Depois, no anteprojecto punha: “La Constitución se fundamenta en la unidad de España y la solidaridad entre sus pueblos y reconoce el derecho a la autonomía de las nacionalidades y regiones que la integran”.

Nas emendas tanto os que defendiam que ficasse o termo nacionalidade (PSOE, PCE, PNV, CIU, ERC, parte da UCD) como outros que queriam bani-lo do texto (AP) consideravam que nacionalidade equivalia a nação.

Na discussão das emendas, presidindo Jordi Solé Tura a comissão constitucional, que era de turno rotatório, chegou um mensageiro com uma nota que, procedente da Moncloa lhe foi entregue ao presidente. Nessa nota havia um texto que especificava qual deveria ser a redacção do artigo 2. O texto proposto –imposto- dizia: “La Constitución española se fundamenta en la unidad de España como patria común e indivisible de todos los españoles y reconoce el derecho a la autonomía de las nacionalidades y regiones que integran la indisoluble unidad de la nación española”.

Como se pode ver, o texto da nota manuscrita coincidia quase exactamente com o texto vigente: “La Constitución española se fundamenta en la indisoluble unidad de la nación española, patria común e indivisible de todos los españoles, y reconoce el derecho a la autonomía de las nacionalidades y regiones que la integran y la solidaridad entre todas ellas”.

Assim temos pois que o artigo 2 da Constituição espanhola é produto duma imposição extraparlamentar, quase seguro de origem militar. Isto explica que todas as emendas de AP à margem do consenso inicial neste artigo fossem aprovadas.


Bibliografía:
Xacobe Bastida Freixedo, “La senda constitucional. La nación española y la constitución”, dentro do livro “Nacionalismo español. Esencias, memorias e instituciones”, dirigido por Carlos Taibo, Catarata. Madrid, 2007, págs. 119-122

Jordi Solé Tura, “Nacionalidades y nacionalismos en España. Autonomías, federalismo, autodeterminación”, Alianza, Madrid, 1985, pág. 100


05/12/2009 11:09

Com que direito o Feijó "fala" por mim?

2 comentarios | por AGIL AGIL

O Feijó predicou no Brasil que "Galicia" e os "galegos" estão mais do que felizes na "nación española".
Mas eu, que sou "galego" dessa maneira, não estou nem na Galiza nem em "Galicia", mas na "Comunidad Autónoma de Galicia", de que o Feijó é presidente por intercessão do sr. D'Hont e da lei "eleitoreira" vigente.
E eu, que sou "galego" dessa maneira, como a descreve o "Estatuto de Autonomía para Galicia", digo que o Feijó poderá "falar" por si, no nome do seu partido, ou mesmo como governante heterónomo e transitório da CAGa, mas não em nome dos galegos, das pessoas galegas, no meu nome.
Porque eu, como pessoa, que é muito mais do que cidadão, não estou nada satisfeito de pertencer, de me achar submetido a esta monarquia bourbónica a qual, pela força das armas, os Feijós da vida identificam com a "nación española".
Também não estou nada satisfeito de que a Galiza fosse trociscada entre três "Comodidades heterónomas" ("Asturias", "Galicia", "Castilla y León") para melhor acabar com ela, como estamos a ver que fazem os governantes das três, o Feijó, o Areces e o Herrera.
Portanto, que nenhum desses governantes espaÑoles "fale" nada por mim, mas apenas por si, com a permissão do seu exército.


26/11/2009 13:52

Dualidade onda-corpúsculo

51 comentarios | por mirom mirom

O debate isolacionismo-reintegracionismo aborrece. Aborrece e faz muito mal. A seguir proponho alguns apontamentos, bastante óbvios, que tencionam contribuir para sairmos das posições imobilistas em que levamos demasiado tempo enquistados.

Na minha opinião cumpre aceitarmos dous factos:

1. A norma castelã-isolacionista para o galego está consolidada e não vai desaparecer.

2. A norma histórico-internacionalista faz parte do movimento galeguista desde as suas origens e, ainda que minoritária, está em alça tanto qualitativa quanto quantitativamente e não tem traças de recuar.

Num tal contexto temos que aprender a conviver, fazer da necessidade virtude (lembremos: it is not a bug, it is a feature) e sermos quem de converter esta aparente dicotomia excludente numa fértil complementaridade, para o qual é indispensável paciência e respeito mútuo.

Acho que o reintegracionismo tem já alcançado massa crítica e madureza suficiente para abandonarmos posições vitimistas e defensivas e dedicarmo-nos a construir um espaço de nosso. Isto, evidentemente, já está a acontecer com sucessos da magnitude histórica como o de ter incorporado léxico galego ao vasto corpus internacional da nossa língua.

Acho que devemos respeitar o isolacionismo e deixá-lo seguir o seu caminho com as suas contradições, limitações e subvenções, sim, mas também, admitamo-lo, com as suas vantagens e potencialidades.

É difícil ignorar as discriminações passadas e presentes que sofreram e sofrem os que defendem a norma histórico-internacionalista. Mas se continuamos a dissipar energias em criar inimigos no nosso próprio campo, não havemos chegar muito longe. As circunstâncias são as que são e é neste contexto que temos que viver, trabalhar e avançar.

Complementariedade

Mas, voltemos ao assunto da complementaridade. Se todos, isolacionistas e reintegracionistas, assumimos a inevitabilidade do doutro, acho que poderemos avançar juntos de forma construtiva e produtiva.

A proposta das duas normativas já se tem posto sobre o tapete em inúmeras ocasiões, mas acho que é o momento de passar, com iminência e ousadia, à acção prática. A criação da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP), a sua boa recepção internacional e os êxitos acima assinalados, assim o requerem.

Cabem ao meu ver dous modelos: o modelo norueguês (uma língua, duas normativas) ou o modelo luxemburguês (duas línguas, duas normativas, embora o alemão padrão faça, de facto, as vezes de língua tecto internacional do luxemburguês). Do meu ponto de vista os dous seriam igualmente válidos, embora a curto termo veja mais factível o segundo.

Não nos enganemos, as duas opções implicam o reconhecimento, tácito ou explícito, do português como língua própria da Galiza. Este movimento táctico havia ter, ao meu entender, consequências muito favoráveis nos dous lados da raia, pois a nossa língua passaria ter o status de língua oficial em dous Estados fronteiriços da União Europeia, com todas as salutares implicações, inclusive as económicas, que isto traz consigo.

A nível interno, uma tal solução permitiria conciliar as vantagens do isolacionismo (facilidade de aprendizagem para hispanófonos, auto-indentificação identitária duma parte da população, menor rejeição por parte do espanholismo) e as vantagens do reintegracionismo (carácter internacional, diversidade cultural, potencial económico, recuperação das grafias históricas), sem renunciarmos a nada. Mas, para que isto seja possível, cada facção precisa da solidariedade, cumplicidade e generosidade da outra.

O establishment galeguista não deve continuar por mais tempo a manter a força crescente do reintegracionismo excluída da cultura galega, pois resulta num esbanjamento de energias estéril e potencialmente nocivo.



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