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Saúl Santim

A hiyab e o nacionalismo espanhol de sempre

18:00 30/04/2010

Nestes dias se está a produzir nas meios de comunicação estatais um acedo debate sobre o emprego do hiyab, por parte das mulheres musulmanas, e concretamente sobre o direito duma rapariga de levá-lo posto no seu centro escolar. Precisamente são debates como estes os que fazem sair à luz mais uma vez face mais rança e xenófoba do nacionalismo espanhol, que tão bem representa o PP. Assim o seu deputado Rafael Hernando sinalou que “se a comunidade islâmica quer, que crie centros privados, mas nos públicos não nos pode impor (sic) os seus símbolos tem de integrar-se”. Portanto, o feito de que uma mulher leve posto o hiyab, que não deixa ser um pano muito semelhante ao que levavam as nossas avôs para cobrir a cabeça, é uma imposição ao resto da sociedade.

O discurso da caverna mediática espanhola e desde o PP como o seu mais genuíno representante político junto com UPyD, o que estão a negar a possibilidade de ser cidadão, o todo aquel que não esteja disposto a assumir como própria a cultura espanhola, entendendo como tal a da Espanha cañí, dentro da qual a religião é um elemento fundamental. A aposta deste é negar a possibilidade de sociedades multiculturais, de aí que falem da necessidade de que os imigrantes que chegam tenham de assinar um contrato de integração entre os imigrantes. Por tanto, o único caminho para a integração desde esse ponto de vista é a assimilação e o abandono da cultura própria. Porém, põem o grito no céu quando se pede que os funcionários e os juízes que vêm à Galiza tenham de conhecer o idioma do país.

Assim mesmo, nestes dias está-se a confundir a necessária laicidade do estado, cousa que por outra banda ainda não se alcaçou, com os direitos individuais duma pessoa, a levar um símbolo que pode ter carácter religioso, e sobretudo de identidade, e que ademais não deixa de formar parte do âmbito privado e da necessária autonomia do indivíduo, que é um dos alicerces fundametais do estado liberal-demcrático. Confunde-se intencionadamente o público com o privado. A obriga do estado de ser laico, e em conseqüência de promover um ensino laico, fazendo desaparecer a simbologia de qualquer religião, já que o ensino das crenças deve formar parte do âmbito privado, é misturado com o direito das pessoas a vestir como lhes venha em ganha dentro dos limites do decoro, que forma parte duma eleição individual. Ademais, de passo violam um direito fundamental que é o direito à educação e a escolarização duma pessoa. Já que é esta escolarização a que lhe vai permitir mais adiante poder escolher e ao mesmo tempo a que a vai integrar como cidadã, ensinando-lhe quando menos a cultura e a língua do país no que mora. 

Assim mesmo, também temos escuitado argumentos de carácter xenófobo nestes dias, quando se afirmava que o islã é incompatível com a democracia, esquecendo que há cidadãos do estado espanhol que têm por religião o islã, que possuem os mesmo direitos que os que os católicos. Porque dizer o contrário é negar a liberdade religiosa consagrada em numerosos intrumentos internacionais. Aliás, está-se a obviar e que determinadas interpretações dos textos sagrados das três grandes confesões monoteístas são contrárias aos direitos humanos, e nomeadamente da mulher e que outras que si são compatíveis com estes e que em consequêcia não é um problema exclusivo do islã, e que muitos desses países têm as suas sociedades em processos de modernização e que o integrismo é precisamente a reação a esses processos.

O modelo de estado que ao cabo se defende desde o espanholismo mais ranço é um tipo de estado de carácter decimonónico, onde só exista uma nação a espanhola, e uma única língua. Portanto, negam a plurinacionalidade do estado e a possibilidade de construir uma sociedade de carácter multicultural, onde desde uns valores democráticos comuns e de respeito polos direitos humanos poidam convivir distintas culturas. É a genreira de sempre do nacionalismo espanhol cara ao diferente. Quiçá porque como tem dito Appadurai no seu magnífico ensaio O rejeitamento das minorias existe um grande medo aos número pequenos por parte dos números grandes. Isto é, existe um grande temor às minorias culturais, sociais e de todo tipo por parte das maiorias, já que estas lembram o fracasso do estado nacional clássico, e que não é suficientemente uniforme. De aí também a querência por semelhar-se nesta questão ao estado francês, que o autêntico paradigma dum estado centralizado e uniforme, modelo que levam arelando desde finais do XIX.

No fundo a caverna mediática espanhola nada contracorrente na medida em que pola acção da globalização o que vamos ter são sociedades cada vez mais plurais, que se vão ter que adaptar a conviver com gentes de diversa origem e cultura. Este debate tampouco deve ser alheio à Galiza, porque na medida em que se converta num país cada vez mais próspero, vai ter a chegada dum maior número de pessoas doutros países, com as que deveremos fazer um esforço por integrá-los na medida em que isto nos vai aforrar conflitos. Ao cabo estas pessoas devem contruir com nós a nação galega. Mas isto já É farinha doutra muinhada.

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Saúl Santim Da Branca (Barcelona, 1979). Licenciado en dereito pola USC e con estudos de Ciencias Políticas. Traballa na Fundación Compostela Deporte. Na actualidade é coordinador comarcal de +G en Compostela. »



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